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São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Fui doula por 18 anos. Sigo agora como psicóloga atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos-SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

OFICINAS DE PREPARAÇÃO EM NOVEMBRO 2014

Oficina de Preparação para o Parto e 
Oficina de Preparação para a Amamentação e primeiros cuidados com o RN

   Dia 29/11/2014 sábado das 13h30 às 18h00
Oficina de Parto -Das 13h30 as 15h00 - Conteúdo: fases do trabalho de parto, posições que facilitam a descida do bebê, como o acompanhante pode ajudar, como a doula pode ajudar, como podem trabalhar em conjunto. O que não fazer. Técnicas de alivio da dor.
Intervalo das 15h00 as 15h30.
Oficina de Amamentação e Primeiros Cuidados com o Recém-nascido: das 15h30 as 18h00. Conteúdo: pega correta, como prevenir os problemas mais comuns e como resolvê-los caso apareçam; o que o acompanhante pode fazer para promover e facilitar a amamentação e o vínculo entre mãe e bebê. Primeiros cuidados: curar o umbigo, trocas, banho, cólicas, prevenção de problemas mais comuns.
Facilitadoras: Tatiana Nagliati e Vânia Bezerra - Psicólogas, doulas e educadoras perinatais, atendendo partos há mais de 8 anos.
Investimento: 80,00 cada oficina, com direito a um acompanhante. (mais 40,00 por cada acompanhante extra).
Para fazer as duas oficinas: $150,00 (pagamento antecipado)
Inscrições com Vânia Bezerra - vaniacrbezerra@yahoo.com.br
ou com Tatiana Nagliati - tatiananagliati@gmail.com

Local: CLINFISIO Fisioterapia e Estética.
Rua Luiz Barbosa de Campos, 410 - Jardim Alvorada São Carlos - SP
(próximo ao restaurante Casa Branca).

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Karina e Dirk dando boas vindas à Glória.

Glórias!
Karina frequentou o Grupo de Apoio ao Parto Natural em 2013, algumas vezes acompanhada pelo esposo, o Dirk. Uma dessas reuniões ficará gravada pra sempre em minha memória: estávamos nos apresentando e o Dirk disse que seu nome era Richard. Eu e Karina ficamos com cara de interrogação. Depois ele explicou que a maioria das pessoas tem dificuldade de pronunciar seu nome, então ele inventou o Richard pra ficar mais fácil!

Rimos muito!

O casal me contratou como doula, e fui algumas vezes ao apartamento que ficava bem no centro. O porteiro era uma figura! Depois da primeira vez eu já chegava rindo porque entrar no prédio era sempre uma aventura. sabe daquelas pessoas que pra morrer de repente leva 6 meses? Então... eu me divertia muito! E então chegava no ap. e Karina me recebia, sempre linda, perfumada, com bolo e café pra acompanhar nossas reuniões. Conversávamos e tirávamos dúvidas. E assim chegamos à reta final da gestação, esperando o dia em que Glória chegaria.

Nesse meio tempo eles compraram uma casa e se mudaram para o bairro. Próximo do centro, uns 5 minutos de carro, mas para a Karina que estava acostumada a morar no centro, isso exigiu um tempo de adaptação.

Karina se aproximou das 42 semanas, o que gerou um pouquinho de ansiedade. A ideia de não entrar em trabalho de parto espontâneo é sempre estranha pra quem se prepara para o parto natural. A abertura para a indução quase sempre envolve estranhamento. Mas Karina entrou em trabalho espontâneo.

As contrações se aproximavam, chegavam a ficar de 5 em 5 minutos, no dia 02/11, e depois iam se distanciando, ela descansava, conversávamos por telefone... permanecemos confiantes de que voltariam quando fosse a hora. E assim passamos o fim-de-semana, até que chegou o momento em que o Dirk enviou-me uma mensagem dizendo que as dores estavam mais intensas e ela estava solicitando a minha presença. (04/11 à uma e meia da manhã).

Então eu fui. Encontrei-a na soleira da porta do quarto, em plena contração, e era uma das fortes. Ela foi se abaixando até ficar em quatro apoios e eu imediatamente pressionei seu quadril com as mãos, auxiliando-a a chegar ao outro lado da onda. Quando passou ela se levantou, expressando muito cansaço. Os dias passados com contrações irregulares estavam cobrando seu preço. (Um verdadeiro treino para as noites mal dormidas que acompanham um recém-nascido!).

Ficamos ali por pouco tempo. As contrações vinham a cada cinco minutos, mas duravam 2 minutos e meio, e eram bastante intensas. Então recomendei que fôssemos para a maternidade, para poder lançar mão da banheira como um recurso de descanso para a Karina, e também para verificar o bem estar da bebê.

Fomos então, e no caminho ela ficou muito brava com  o balanço do carro! Mesmo com todas as contrações fortes ela ainda queria mandar no caminho que Dirk deveria fazer, e praguejou quando ele entrou em uma rua que ela considerava a PIOR de todas as alternativas de rota para o hospital.

Pra quem acha que o trabalho de parto infantiliza as mulheres e as torna incapazes de fazer escolhas sensatas, lhes apresento a Karina! Brava feito uma onça acuada, distribuindo urros e "patadas", pedindo desculpas em seguida e depois ficando brava de novo.

Eu não vejo problemas em parturientes bravas! Vá você ficar noites mal dormidas, com uma dor intermitente e veja quanto tempo vai durar a sua doçura e amabilidade. Experimente entrar no carro (o que torna o desconforto mais forte pois no carro não dá pra ficar de cócoras...), e quero ver quem não vai ficar brava! Eu ficaria!

Enfim, chegamos.
Karina passando por uma contração.

Duas e meia da manhã. Exame de toque inicial de internação, 4 pra 5 cm. Chuveiro, banheira com objetivo específico de descansar e cochilar um pouco, depois caminhadas, marcha no lugar, rebolar, relaxar na bola de pilates. E assim o tempo vai passando e as contrações vão empurrando a bebê pra baixo.

Às 9 da manhã outro exame de toque, pouco mais de 8cm, colo fino, só falta descer! Está funcionando! Vamos em frente! Caminhadas no corredor, descanso na bola, chuveiro, cantando no chuveiro, Elis Regina: "minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos"...

Cócoras durante as contrações para ajudar a descer.

Meio dia mais ou menos e  as contrações começaram a se distanciar, voltando pra 5 em 5 minutos, e às vezes chegando a quase meia hora de intervalo. Encaramos como a trégua para reunir forças do sprint final, uma manobra sábia do organismo. Então vamos aguardar.

Descansando com o apoio do Dirk.
Contrações indo e voltando. No meio da tarde chegamos a pensar na alternativa da ocitocina sintética como alternativa para regular as contrações. Infelizmente a enfermeira plantonista foi contra, falou da beleza do parto natural: "vamos confiar no processo, a gente tem mania de querer acelerar as coisas, cada parto tem seu tempo"...

Às 5 da tarde Karina pediu outro exame de toque, a enfermeira falou como se tivesse aumentado; "está quase 9". Mas as contrações tinham espaçado novamente, depois voltaram, depois espaçaram...

Resolveram tentar descansar, e às 10 da noite me deram $ pra pegar um táxi e ir pra casa, tomar um banho e comer alguma coisa. Foi o que fiz, confiando que me chamariam e eu voltaria imediatamente quando as contrações voltassem a ficar próximas e intensas. Cidade de interior, sem transito de madrugada, é muito rápido ir e voltar. Então eu fui... de táxi até a casa deles, peguei meu carro e fui pra casa, tomei meu banho, comi, e deitei, cochilei meia-hora. Karina me ligou, voltei.

Encontrei-a na sala de espera, olhando pela janela. Ela tinha saído do quarto na ponta dos pés pra deixar o Dirk dormir um pouco , estava andando pelo corredor. Com quase 9 de dilatação, mas as contrações tão espaçadas que davam a ela tempo de sair da concentração, olhar em volta e preocupar-se comigo, me mandando pra casa pra descansar um pouco, e depois com o Dirk. Ela mesma impossibilitada de ter uma trégua? Não... as contrações tinham praticamente parado.

Conversamos, ela se soltou, chorou, soltou algumas travas, respeitou seus sentimentos.

Não me lembro porque voltamos ao quarto, acho que pra pegar alguma coisa, Dirk acordou e me viu no quarto, pulou da cama um pouco assustado, como se tivesse dormido muito, mas não tinha dormido nem uma hora inteira.

Quiseram que eu fosse embora de novo. Insistiram, dava pra ver que eu estava dormindo em pé, eles disseram que ficariam mais tranquilos se eu fosse dormir um pouco. Aceitei. Agora, tempos depois, sinto remorso por ter aceitado, mas foi o melhor que pude fazer naquele momento. Não me lembro se ofereci de chamar outra doula, mas tenho quase certeza de que teriam respondido que não era necessário, afinal as contrações tinham meio que sumido.

Dormi das duas às 6, cheguei no hospital às 6h45, encontrei o casal se preparando pra pedir a cesárea. Tinham conversado bastante durante a madrugada, e as contrações tinham vindo e espaçado novamente mais uma vez. Feito o exame de toque e a bebê estava no mesmo lugar desde as 9 da manhã do dia anterior. O sentimento era de que em todos os períodos em que as contrações tinham ficado fortes e próximas não tinham sido suficientes pra fazê-la baixar. Então o soro com ocitocina sintética faria acontecer o que já tinha acontecido dentro do processo natural. E a bebê não tinha descido. A dilatação estava perto de 9 há mais de 20 horas.

Decidiram-se então pela cesárea. Ajudei em tudo o que pude, fiquei por perto o tempo todo, e essa hora não é nada fácil. É saber que poderia gritar e agora vai ficar quieta... é saber que poderia sentir tudo e agora vai ter que ser anestesiada.

Karina e Dirk entraram então pra receber a Glória, que chegou valente, linda, forte! Como a mãe!



Na saída da cesárea Karina me contou que agora sabia de tudo sobre as melhores academias da cidade, pois esse tinha sido o assunto entre os médicos presentes na cirurgia. Depois de tudo ela ainda mantinha seu senso de humor intacto!

Karina e Glória.
Fiquei por perto até que ela estivesse no quarto, já tivesse amamentado, recebido a visita da mãe e da tia, todas felizes com a chegada da menininha linda, que com o tempo mostrou-se ser dona de uma energia de alta duração, assim como foi no trabalho de parto de 3 dias em que em nenhum momento seus batimentos cardíacos mostraram qualquer indício de cansaço. Glória chegou para nos ensinar que podemos ficar acordados.

Karina, você foi muito corajosa e persistente. Se o parto fosse questão de merecimento pelo esforço físico e mental, você com certeza teria parido.

Vamos voltar ao início da musica?

Não quero lhe falar meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo!
Viver é melhor que sonhar...

Você viveu seu parto de forma intensa e reveladora. Você se abriu até onde foi possível naquele momento.

Glória e Dirk
"Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva
Do meu coração"...



Mas podemos re-escrever essa letra, vamos fazer uma nova versão desse clássico, vamos deixar de viver como nossos pais. Não amamos o passado, e conseguimos ver que o novo sempre vem!

Não caímos na ladainha de que se fosse pra ter cesárea não precisava ter sofrido... sabemos diferenciar dor de sofrimento, cansaço de sofrimento... e sabemos que cada contração valeu a pena! Cada contração preparou seu corpo pra amamentar, e também preparou a Glória para chegar bem,  respirar e ser saudável.

Glória seja sempre bem vinda!
Parabéns por cada contração, parabéns por cada hora de entrega, parabéns por ter respeitado seus sentimentos, parabéns por ter sido forte até o fim, parabéns por todas as noites mal dormidas desde então! Tudo valeu a pena!

Um grande abraço, a você, ao Dirk e à Glória!

Sempre grata!

Vânia.









sexta-feira, 3 de outubro de 2014

em Outubro:
Oficina de Preparação para o Parto e Oficina de Preparação para a Amamentação e primeiros cuidados com o RN
Com Vânia Vânia C. R. Bezerra e Tatiana Nagliati
dia 11/10/2014 sábado das 13h30 às 18h00
Oficina de Parto -Das 13h30 as 15h00 - Conteúdo: fases do trabalho de parto, posições que facilitam a descida do bebê, como o acompanhante pode ajudar, como a doula pode ajudar, como podem trabalhar em conjunto. O que não fazer. Técnicas de alivio da dor.
Intervalo das 15h00 as 15h30.
Oficina de Amamentação e Primeiros Cuidados com o Recém-nascido: das 15h30 as 18h00. Conteúdo: pega correta, como prevenir os problemas mais comuns e como resolvê-los caso apareçam; o que o acompanhante pode fazer para promover e facilitar a amamentação e o vínculo entre mãe e bebê. Primeiros cuidados: curar o umbigo, trocas, banho, cólicas, prevenção de problemas mais comuns.
Facilitadoras: Tatiana Nagliati e Vânia Bezerra - Psicólogas, doulas e educadoras perinatais, atendendo partos há mais de 8 anos.
Investimento: 80,00 cada oficina, com direito a um acompanhante. (mais 40,00 por cada acompanhante extra).
Para fazer as duas oficinas: $150,00 (pagamento antecipado)
Inscrições com Vânia Bezerra - vaniacrbezerra@yahoo.com.br
ou com Tatiana Nagliati - tatiananagliati@gmail.com
Local: CLINFISIO Fisioterapia e Estética.
Rua Luiz Barbosa de Campos, 410 - Jardim Alvorada São Carlos - SP
(próximo ao restaurante Casa Branca).

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Oficinas de Preparação em São Carlos - julho de 2014

Oficina de Preparação para o Parto e Oficina de Preparação para a Amamentação e primeiros cuidados com o Recém-Nascido.
dia 05/07/2014 sábado das 14h00 às 18h00
Oficina de Parto - Das 13h30 as 15h00 - Conteúdo: fases do trabalho de parto, posições que facilitam a descida do bebê, como o acompanhante pode ajudar, como a doula pode ajudar, como podem trabalhar em conjunto, como não atrapalhar a parturiente. técnicas de alivio da dor.


Intervalo com lanche coletivo das 15h00 as 15h30 -
Oficina de Amamentação e Primeiros Cuidados com o Recém-nascido: das 15h30 as 17h30. Conteúdo: pega correta, como prevenir os problemas mais comuns e como resolvê-los caso apareçam; o que o acompanhante pode fazer para promover e facilitar a amamentação e o vínculo entre mãe e bebê; primeiros cuidados: curar o umbigo, trocas, banho, cólicas, prevenção de problemas mais comuns.
Facilitadoras: Tatiana Nagliati e Vânia Bezerra - Psicólogas, doulas e educadoras perinatais, atendendo partos há mais de 8 anos.
Investimento: 80,00 cada oficina, com direito a um acompanhante. (mais 40,00 por cada acompanhante extra).
Para fazer as duas oficinas: $150,00
Inscrições com Vânia Bezerra - vaniacrbezerra@yahoo.com.br
ou com Tatiana Nagliati - tatiananagliati@gmail.com
Local: CLINFISIO Fisioterapia e Estética.
Rua Luiz Barbosa de Campos 410 - Jardim Alvorada São Carlos - SP
(próximo ao restaurante Casa Branca).

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ana Paula e Adilson recebendo Rodrigo, o bebê sorriso!

Ana Paula chegava radiante nas reuniões do GAPN São Carlos. Começou quando estava com 5 semanas e esteve lá por 15 vezes. Até hoje, um ano depois, continua sendo a recordista em número de reuniões, e quem diria, ela bateria outros recordes também!

Eu adorava o sorriso dela e ficava imaginando que se ela contratasse alguém como doula, essa doula seria muito sortuda!

Um dia tivemos uma reunião cujo tema foi o pagamento de uma suíte de parto, se era necessário ou não, se faria diferença ou não... Ana Paula tirou muitas duvidas nesse dia.

Dai um tempo depois ela me ligou dizendo assim: "Então Vânia... uma amiga minha que é doula vai estar comigo, mas acontece que ela tem um filhinho pequeno e pode ser complicado se eu entrar em TP e precisar de doula de madrugada... e além disso agora ela também está grávida, com os desconfortos de início de gestação... por isso eu gostaria que vc também viesse no meu parto".

Opa, virei sortuda também! Adorei! E assim, Alice Ibelli e eu tivemos o enorme prazer e honra de trabalharmos juntas.

Começamos então a marcar as reuniões de preparação, eu ia à casa deles e assistimos alguns videos, conversamos bastante, rascunhamos o plano de parto. Ela continuava frequentando as reuniões e também participou da oficinas de preparação para o parto, onde o acompanhante também recebe uma atenção para saber o que fazer no dia P.

Ana Paula já tinha um filho de 5 anos, nascido de cesárea após apresentar uma queda de batimentos cardíacos durante um exame feito por rotina e fora de trabalho de parto. Um exame famoso por apresentar resultados falso positivos, ou seja, o exame diz que o bebê está em "sofrimento" mas ele não está. Enfim, depois de fazer o exame e ele não resultar em resultado tranquilizador, quem pagaria para ver? Ana Paula foi encaminhada pra cesárea, o bebê nasceu bem, e anos depois nasceria uma mãe ávida por informações que ajudassem a conseguir um parto tranquilo, e se possível sem cortes!

Pra ficar como lembrança fizemos uma pintura de barriga. Conversando e tirando duvidas, afinando o vínculo. Foi uma manhã de sábado muito gostosa!




Nesse ponto, preparação concluída,  tudo pronto para o dia em que o Rodrigo resolveria nascer.









Num fim de tarde, Ana Paula chegando na casa da mãe dela pra buscar o filho mais velho, acabando de fechar o portão, vem um cara completamente bêbado, bate no carro dela, por questão de segundos ela não foi atropelada. O carro dela ficou detonado, o portão da casa danificado, e ainda juntou um monte de gente em volta dela fazendo aquele tipo de discurso moralista que não resolve nada sabe? Ela começou a ter contrações, e ai calmamente pediu a alguém da família que assumisse a negociação com a família do bêbado e desse as informações que a polícia necessitasse, enquanto ela foi tomar um banho e ficou conversando com o bebê dizendo que estava tudo bem, que não precisava nascer ainda se não estivesse pronto, que tinha sido só um susto, essas coisas às vezes acontecem... as contrações pararam, e os dias continuaram transcorrendo calmamente. Ela com carro emprestado do pai enquanto o dela estava no conserto.




E ai um dia eu estava almoçando e o telefone tocou. Era o Adilson, marido dela, dizendo que tinham feito compras durante a manhã, ela estava tendo contrações e quando resolveram marcar já estava de 5 em 5 minutos ou menos. Uau! Catei minhas coisas o mais rápido possível, deixamos meu filho na escola um pouquinho mais cedo e corremos pra lá. Meu marido me deixou lá e voltou pra casa. Cheguei pouco antes da uma da tarde.

Quando entrei ela estava no chuveiro, de cócoras, me recebeu com o sorriso iluminado de sempre, dizendo que agora estava incomodando um pouquinho mais. Fiquei por ali, fiz massagem durante as contrações, ela quis sair, e a Alice chegou em seguida.

Ana Paula muito tranquila, sorridente, quando vinham as contrações ela se concentrava em relaxar, soltar os ombros, respirar fundo, e passava. Tomou suco, quis gelo para ficar mordendo, usou a bola... Alice tirando fotos e ajudando na descontração, colocou pra tocar a seleção de músicas para o dia P.

Hora de avisar o pediatra. E ele não poderia atender o parto porque estava de plantão. Então o Adilson ligou pra a pediatra back up. E a secretária não atendeu muito bem, achou que era alguém querendo marcar consulta pra ver se seria possível acompanhar o parto... mandei mensagem direto pra pediatra, expliquei a situação. Ficamos aguardando.

Ana Paula voltou para o chuveiro, mais massagens, relaxamento...

Voltou para a sala, e disse que estava um pouco cansada, ia tentar deitar um pouco. Quando vinham as contrações alguém estendia a mão e ela se levantava. Tirou um ou dois cochilos.

Recebi mensagem da pediatra dizendo que acompanharia sim o parto, sem problemas. ufa! respiramos aliviados!

Ai em uma das contrações Ana Paula fez força. Fiquei esperando mais um pouco. Se fosse segundo parto eu já teria falado alguma coisa, mas pra primeiro parto, com duas horas de trabalho de parto ativo e já está fazendo força?? Resolvi esperar mais um pouco. Na próxima ela fez mais uma forcinha. E na outra fez uma forçona! Foi a minha hora de abrir um sorriso!

- Vamos pra maternidade?

Pegamos as coisas, colocamos tudo no carro, fechamos a casa. Decidimos ir pela estrada pra chegar mais rápido. Ana Paula e eu no banco de trás, Alice dirigindo e o Adilson no banco da frente, apoiando Ana Paula e ajudando Alice a encontrar o melhor caminho. Trabalho em equipe!

Na estrada tinha um bloqueio desses em que fecham uma faixa porque estão recapeando a outra. O transito estava bem devagarinho. e Ana Paula sorriu e disse: - "Tinha que ser comigo"!

Todos demos risada nessa hora.

Faltando um quarteirão pra chegar na maternidade ela vocalizou um pouquinho mais forte e os 3 dentro do carro falamos quase juntos: - "vai ser a última contração dentro do carro". E sorrimos novamente. Chegamos.

Na recepção ela já teve mais uma contração, e eu a encaminhei pra salinha de exames que fica ali ao lado. A recepcionista me chamou dizendo que a enfermeira queria falar comigo no telefone.



- "Vânia, já tá nascendo? Pq estamos acabando de limpar o quarto, ela pode esperar um pouquinho"?

Respondi que sim, que podia, o bebê não estava nascendo. Pelo menos até aquele ponto não estava. :)

Voltei pra salinha de exame pra ficar junto com ela, veio mais uma contração e ela se abaixou. Na próxima pediu pra ir ao banheiro. Eu e Alice acompanhamos.

Adilson estava ali ao lado preenchendo os papéis da internação.

Mais uma contração e Ana Paula vocalizou forte. Muito tranquila mas muito forte. Olhei e vi o topinho da cabeça do bebê começando a aparecer.

Quando passou a contração ela disse:

- "Vânia, eu quero ir pra água"!

E respondi com a maior tranquilidade:

- "Não vai dar tempo de encher banheira"!    :)

Sai pra pedir pra chamar e enfermeira e ela estava falando alguma coisa com a recepcionista.

- "Shirley, tá nascendo".

Entramos, já estava vindo mais uma contração, a Shirley olhou, em seguida olhou pra mim e pediu pra eu chamar a equipe enquanto ela estava procurando as luvas.

Sai na recepção e pedi pra recepcionista chamar o Dr. Rogério enquanto eu liguei direto no celular da pediatra e expliquei que já estava nascendo, pra ela vir. Adilson entrou junto comigo.

Ficamos todos dentro do banheiro, esperando a próxima contração, eu apoiando Ana Paula de um lado, Adilson apoiando do outro, Shirley na frente, Alice filmando e  Dr Rogério entrou a tempo de ajudar a pegar o bebê.


O brilho nos olhos da Ana Paula ao olhar para o bebê em seus braços é inesquecível! Eu moveria céus e terras pra poder ver aquele brilho nos olhos de todas as mulheres! Muito amor!

E muita emoção! Dr. Rogério sintetizou o sentimento de todos: - "Ana Paula vc gosta mesmo de emoção!"



Ajudamos ela se sentar em uma cadeira de rodas com o bebe no colo e fomos em comboio pra o andar de cima, o da maternidade. Lembro bem das pessoas que estavam na recepção e acompanharam a correria, ao verem ela saindo da sala de exames com o bebê nos braços e um sorriso radiante que chegava até os olhos... todos que estavam ali ficaram felizes!



Quando chegamos no setor da maternidade a auxiliar de enfermagem estava vindo, esperando encontrar uma mulher em trabalho de parto e deparou-se com uma mulher sorridente com o bebê nos braços!

- "Que aconteceu"??!!

R) " Já nasceu"!

Chegamos ao quarto, a pediatra chegou em seguida, super tranquila e super feliz. Nada como poder contar com gente que ama o que faz!

Só faltava a placenta, e ela veio rápido também. Foi só ir até o chuveiro, sentar-se um pouco na banqueta de parto, e ela veio. Linda, inteira, cumpriu bem seu papel.

E assim eu e Alice deixamos o casal com seu mais novo filho. Foi um parto todo tranquilo e feliz, e poucas semanas depois pudemos ver através das fotos compartilhadas por Ana Paula que esse é o bebê sorriso!









Ana Paula, gratidão imensa por ter me chamado para fazer parte deste momento tão lindo! Você é uma guerreira da luz! E seja bem vinda ao clube das militantes!

Por que seja no segundo andar, na suite master ou no banheirinho da sala de exame, os bebês nascem! E você provou que não precisa de nada além de você mesma! :)

Adilson, obrigada pela confiança.




Rodrigo, seja muito bem vindo sempre! Que sua vida seja iluminada e radiante como foi o dia do seu nascimento!





Ana Paula mãe de dois!
Um grande beijo a todos!














                                                                                         

Vânia. Bezerra.




Aqui o link para o video do parto:
https://www.youtube.com/watch?v=ua4vR4Rc_d4

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Oficinas de Preparação para o Parto, Amamentação e Primeiros Cuidados com o recém-nascido


Em São Carlos, dia 26/04/2014, sábado, das 14h00 às 18h30.

Facilitadoras: Vânia Bezerra e Tatiana Nagliati. (Psicólogas e Doulas).

OFICINA DE PREPARAÇÃO PARA O PARTO NATURAL- das 14h00 às 16h00

Conteúdo: fases do trabalho de parto, posições que ajudam no relaxamento e descida do bebê, técnicas que podem ser utilizadas pelo acompanhante para auxiliar a parturiente, o que não fazer poque poderia atrapalhar, como doula e acompanhante podem trabalhar juntos, técnicas não invasivas de controle da dor.


OFICINA DE PREPARAÇÃO PARA AMAMENTAÇÃO E PRIMEIROS CUIDADOS - 16h30

Conteúdo: como prevenir os problemas mais comuns e como resolvê-los caso apareçam, pega correta, posições, como o acompanhante pode ajudar. Cura do umbigo, trocas, banho, cólicas, cuidados necessários.

Investimento: 80,00 cada oficina ou 150,00 as duas, com direito a um acompanhante.

Necessário: comparecer com roupas leves e confortáveis. Vamos nos sentar no tatame e vamos nos movimentar, ficar de cócoras, etc.

Inscrições com Vânia Bezerra - vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 3413-7012 / 997-943-566

ou com Tatiana Nagliati - tatiananagliati@gmail.com (16) 3372-7489 / 991-721-839

Local: CLINFISIO Fisioterapia e Estética
Rua Luiz Barbosa de Campos, 410 Jardim Alvorada São Carlos - SP
(próximo ao Restaurante Casa Branca)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Patricia e Luis Augusto recebendo Luís Felipe.

Patricia me foi apresentada pela querida Livia, já com mais de 30 semanas de gestação e buscando informações sobre doulagem. Livia é doula mas poderia ter dificuldades em atendê-la caso o TP fosse de madrugada. Assim, conversamos e Patricia me contratou para estar com ela durante seu trabalho de parto e parto. Livia também iria se o parto ocorresse durante o dia.

Começamos a preparação para o parto, com reuniões semanais na casa da sogra da Patricia, onde ela estava passando esse final da gestação. O Luis Gustavo havia sido transferido de cidade e Patricia tinha vindo para São Carlos para não ficar sozinha em casa. A proximidade da família era ótima, mas esse distanciamento físico do casal bem no final da gestação foi um pouco sofrido para ela.

Nas últimas semanas a Livia deixou a bola de fisioterapia com a Patricia, que relatou alivio nas dores lombares após o início do uso da bola.

Preparação concluída, ficamos eu e Livia a postos, esperando o dia em que Luís Felipe decidiria que era hora de nascer, o que aconteceu no dia 17/04 - quarta-feira. Patricia me ligou nas primeiras horas do dia dizendo que o TP estava começando. Foi até a maternidade para uma ausculta, viram que estava tudo bem, voltaram para casa: ela acompanhada da sogra. O marido já avisado que o bebê tinha avisado que chegaria logo, se colocou na estrada. Todos na torcida que desse tempo dele chegar.


Bem próximo das 11 da manhã Patricia me ligou novamente, pedindo que eu fosse para lá. Moramos relativamente perto, cheguei rápido. Encontrei-a no quarto, sentada na bola e balançando, calma, precisando de uma presença calma. E isso ela teve.

Liguei para a Livia, avisei que já estava com a Patricia. Pedi que a sogra dela colocasse água para esquentar para usarmos a bolsa de água quente, e voltei para o quarto.

Musica, massagem, apoio, calma, segurança. Bolsa de água quente nas costas. Balanço na bola. Descanso entre as contrações.

Livia ligou dizendo que estava vindo, perguntando se estávamos precisando de algo. Tudo estava indo muito bem, só precisávamos de mais uma presença calma. E isso ela teve.

A sogra sempre muito solícita, apesar de um pouco nervosa, ficava por ali e providenciava tudo que precisávamos. Mais água quente... um suco gostoso...

Marido chegou. Entrou no quarto enquanto ela estava tendo uma contração, ficou calmamente parado esperando passar. Quando passou, ela abriu os olhos e o viu, abriu um enorme sorriso e disse: "marido! quanto tempo que não te vejo"!

Ficaram rindo, trocando beijinhos e vendo os presentinhos que ele trouxe para o bebê. E as contrações continuaram vindo, vindo...


Então chegou a hora de irmos pra maternidade. Fui junto com ela, no banco de trás do carro, fazendo massagens durante as contrações e ajudando a relaxar nos intervalos.

Chegamos.

Chuveiro, bola, banheira, mudanças de posição, massagens, mais bolsa de água quente. e vontade de empurrar.

Ela tinha voltado para o chuveiro, estávamos ali aguardando Luís Felipe, veio uma contração, Patricia ficou de cócoras e já foi possível ver o topinho da cabeça do bebê aparecendo.

Pedi à Livia que chamasse a enfermagem, elas vieram, ligaram o berço, chamaram a equipe... ajudei Patricia sair do chuveiro e ir para a banqueta. Luis Gustavo atrás dela, apoiando e incentivando.

O médico chegou e sentou-se à frente dela. Ficamos todos apoiando e esperando. Pediatra tb chegou.

Patricia empurrando seu bebê pra fora, bebê vindo, cabecinha saindo... e o médico fala: - "tá chorando! só com a cabeça pra fora, tá chorando! calma rapaz, nem nasceu ainda"!!!!

Que cena surreal! Ficamos assim meio embasbacados!


Mais alguns segundos e ai sim. Luis Felipe veio inteiro pra esse lindo louco mundo!

Pai super emocionado. Prestei mais atenção nele enquanto Livia estava mais próxima à Patricia. Mas ele estava bem, logo voltei minha atenção pra ela novamente. Placenta veio logo. Parto terminado!

Atendimento sendo feito no bebê. Não gostei dessa parte, achei que demoraram demais para dar o bebê a ela. Bom, finalmente pararam de cutucá-lo e colocar coisas nele... e ele foi pra onde não deveria ter saído. O colo da mãe. :)

Mais familiares chegaram para conhecer o novo membro, e todos estavam bem.

Assim, eu e Livia os deixamos: felizes e juntos, agora do lado de cá da barriga.

Patricia, parabéns por ter confiado nas suas escolhas e assim ter feito a diferença no nascimento do seu filho lindo! Não posso repetir aqui as palavras de admiração proferidas pelo seu marido quando ele expressou toda sua admiração pela sua força logo após o parto. Mas posso substituir pelo seguinte: VOCÊ É NOTA 10!


Um grande abraço dessa doula que te admira muito!

Luis Augusto, não tive oportunidade de lhe conhecer, mas posso dizer o seguinte: pra quem teve pouco ou nenhum preparo para acompanhar o trabalho de parto, você se saiu muitíssimo bem. Parabéns!

Luís Felipe, seja sempre muito bem vindo! Que sua vida seja iluminada como foi o dia do seu nascimento!

Abraços!

Vânia.



Ps: Livia, muito obrigada por ter me levado a essa doulagem. Eu AMEI!

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Eloize e Wesley recebendo Teo Luca - fevereiro de 2013

Esse parto foi um dos muito especiais pois veio dar praticamente um testemunho do poder da mulher sobre seu corpo: o parto acontece na cabeça.

Eloize me contratou e começamos com as reuniões de preparação. A casa recém-adquirida, com muitos espaços vazios e eu a imaginava andando por ali em trabalho de parto. Era muito gostoso! A preparação terminou, nos despedimos com as frases de "nos veremos na hora em que o Teo quiser vir, estaremos todos prontos".

Daí que essa doula que vos fala é a tranquilidade em pessoa, não fico vigiando datas, eu confio e pronto. Ai um dia atendo o telefone e é a Eloize dizendo que completaria 42 semanas no dia seguinte e o médico pediu que ela conversasse comigo sobre indução. Aff, me senti muito relapsa nessa hora... como assim, 42 semanas, já?!

Conversamos então sobre a indução, eu mesma tive parto induzido e como doula já acompanhei algumas induções, uma das quais terminou com o primeiro parto na água dentro de um hospital em São Carlos. :)

Então tenho prática, e tenho confiança de que esse médico sabe induzir, afinal a maioria dá certo.

Conversamos, conversamos, e no final ela me disse: "ainda tenho confiança de que nada disso será necessário e eu vou entrar em trabalho de parto".

Dia seguinte, 42 semanas, me ligou no meio da tarde, tinha conversado com o médico. O marido dela precisou viajar, e chegaria de madrugada. Faria muita diferença esperar mais um dia? A resposta foi que não, poderiam sim esperar até a manhã do dia seguinte, afinal até agora tinha sido uma gestação absolutamente tranquila, por que haveriam de estressar por meras 12 horas? Então assim ficou combinado: caso não entrasse em TP internaria para a indução com 42s1d.

Acordei de madrugada, perdi o sono, peguei um livro, fiz um chá e me ajeitei para começar a ler. O telefone tocou. Eloize estava em TP já com as contrações a intervalos menores que 5 minutos.

Fui pra casa dela e quando cheguei ela estava andando pela sala, muito tranquila, me recebeu com sorriso confiante e logo veio mais uma contração. Ela segurou na grade da escada e ficou de cócoras, dona do seu corpo, segura do que estava fazendo.

Quando passou a contração ela me olhou e disse: - "não falei que eu ia entrar em trabalho de parto?!"

Todos nós sorrimos nessa hora!

Então ficamos por ali, estava uma noite linda. Fui até o quintal e liguei para a hospital para deixar avisado que estava acompanhando uma gestante em TP e que dali a algum tempo já iriamos para lá.

Contrações, massagens, comidinhas, suquinhos, tudo muito muito tranquilo. E não demorou muito para as contrações estarem já bem próximas, e ela em duvida se estava fazendo força ou não. Observei mais um pouco e achei melhor irmos para a maternidade para já termos as auscultas dos batimentos cardíacos do bebê a intervalos regulares. Sendo assim fomos colocando as malas no carro e logo seguimos caminho.

Chegando no hospital ela foi encaminhada para a suite PPP e assim ficamos: Eloize e Wesley, Amanda (irmã da Eloize) e eu. Um clima gostoso de espera respeitosa.

As contrações deram uma espaçada, e o melhor jeito de estimular é andar. Eloize praticamente corria pelo quarto e de vez em quando subia na escada de lynnings (essas escadas que tem em academia pra gente se alongar) e ficava olhando o quarto lá de cima, provocando risos em todos aqui em baixo. Quando as contrações vinham ela ficava de cócoras e se concentrava. A cada ausculta era possível perceber que o bebê estava baixando, e logo os puxos chegaram.

A equipe foi chamada, o médico chegou e ela já tinha se ajeitado na banqueta de parto.

E assim nasceu Teo Luca, com o quarto a meia luz e sob a mira da lente da tia Amanda. Com amor, com respeito, a seu tempo, e direto para os braços da mãe confiante em sua natureza!

E assim o mundo recebeu mais um bebê, cercado de amor e proteção. Seja sempre bem vindo Teo!

A Eloize e Wesley deixo meu muito obrigada pela honra de ter feito parte da equipe sobre a qual vocês depositaram a confiança e dividiram esse momento divino!

Um grande abraço!

Vânia.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Renata e Sylvio, recebendo Francisco e Gustavo.

Conhecia Renata quando nós duas trabalhávamos no IPC, já trocávamos ideias sobre o número absurdo de cesáreas e a diferença que isso pode fazer na vida das mulheres que acreditam que realmente tiveram algum problema.

Claro que algumas realmente precisam da cesárea, sem dúvida. Mas em um país onde mais da metade das crianças nascem por cesárea também não restam duvidas de que a maioria foi desnecessária, ou "desne-cesárea" como costumamos chamá-las.

Muito tempo se passou, eu fui embora de São Carlos, e depois voltei... e Renata engravidou, e nos encontramos novamente nas reuniões do GAPN. Pelo face vi o status de Renata: "são gêmeos"! (ela já sabia, já sentia, o exame confirmou). E na reunião do GAPN ela perguntou sobre os riscos de parto gemelar. Lembro como se tivesse sido ontem. A médica explicou com detalhes, fazendo gestos com as duas mãos fechadas para mostrar o risco teórico de que se o primeiro gêmeo estivesse pélvico as cabeças poderiam "enroscar" uma na outra, então, desde que o primeiro estivesse cefálico o parto seria possivel.

No grupo tínhamos informação de dois nascimentos gemelares, um acompanhado pela médica e outro acompanhado pelo médico, este com um detalhe interessante: o intervalo entre os nascimentos foi de várias horas, de tal modo que acabaram nascendo em dias diferentes. Com esse relato de atendimento tranquilo Renata mudou de médico, e durante toda a gestação frequentou as reuniões do GAPN, fez hidroginástica e me contratou como doula. Foi a um encontro do grupo Maternas para ver os slings e fraldas de pano modernas, e também foi a uma oficina de Preparação para a Amamentação e Primeiros Cuidados com o bebê. Durante a gestação Renata ainda fez um Curso de Doula, oferecido pela Prefeitura de São Carlos. Depois disso, nos nossos encontros, perguntei a ela se não gostaria de convidar alguma colega do curso de doulas para acompanhar o parto, numa espécie de estágio de observação. Renata gostou da ideia e chamou a Laura Moratti, que também é mãe de gêmeos. Então fizemos mais uma reunião na casa da Renata e do Silvio, para nos conhecermos (eu e Laura), e nesse dia praticamos algumas posições para facilitar a descida do bebê e algumas técnicas de massagem. Banheira inflável comprada, assim como duas caixas de vit K, totalizando 10 ampolas, para não restar duvida de que seria suficiente.

Assim ficamos prontos, esperando pelo dia em que Francisco e Gustavo decidiriam que já era hora de nascer. Me lembro que uma dia nos encontramos, e Renata falou: "Vânia, eu adoro a cara que vc faz quando olha pra minha barriga!".

Fazer o que né? o barrigão era enorme!  Preciso treinar muito mais a minha expressão "poker face", mas a Renata também é psicóloga! rsrsr Mulher, psicóloga e grávida, praticamente um poço de sensibilidade, e eu tentando disfarçar a cara de espanto. Puro tempo perdido!

Num sábado a Renata me avisou que estava em pródromos: contrações espaçadas, intervalos irregulares e não muito doloridas. A noite passou e no domingo a tarde ela me chamou. Neste ponto os intervalos já estavam mais próximos e a intensidade aumentando. Chamei um táxi que sempre parece demorar uma eternidade para chegar... mas quando cheguei à casa dela encontrei o casal muito tranquilo. Acompanhei as contrações durante algum tempo, e resolvemos chamar a Laura, afinal se a intensão era acompanhar a doulagem não seria adequado chamá-la só na hora de ir para a maternidade. Renata continuava muito tranquila, às vezes se sentava para descansar um pouco, mas levantava quando vinham as contrações, às vezes se inclinava para a frente e às vezes ficava de cócoras. Tinha suquinhos e sorvete pra ela saborear durante o trabalho de parto.

já na Casa de Saúde - usando a bola e concentrando-se
 A cada contração que passava Renata ia ao banheiro fazer xixi. Eu não estranhei porque atribui ao peso da barriga sobre a bexiga, e Renata não referiu ardência ou dor. Ela estava de 37 semanas e 6 dias, o que em termos de gestação gemelar é ótimo! Laura chegou e ficamos com a Renata enquanto o Sylvio foi descansar um pouco, afinal depois do nascimento a jornada seria dobrada. Durante a madrugada as contrações deram uma espaçada, e resolvemos fazer um chá de canela para esquentar um pouco as coisas. O efeito foi ao contrário, e depois de tomar duas xícaras do chá, Renata deitou-se no sofá e dormiu cerca de duas horas. Eu e Laura tb tiramos um cochilo, ela no outro sofá e eu em um colchão no chão. O dia amanheceu, segunda-feira, acordarmos, as contrações haviam praticamente parado. Chamamos o Sylvio, conversamos e resolvemos que eu e Laura iriamos embora. Quando as contrações voltassem nós voltaríamos.

na banheira inflável, com apoio amoroso e concentração.
Descansei a tarde toda, fui a um compromisso em uma cidade vizinha na segunda a noite, e na madrugada de terça-feira Renata me ligou dizendo que as contrações tinham voltado, espaçadas ainda, mas uma das bolsas havia rompido e estava com um pouquinho de mecônio, bem diluído, mas tinham ligado para o médico e ele recomendou que fossem à maternidade para avaliação. Fui também e quando cheguei a Renata já estava no cardiotoco, tinham acabado de ligar o aparelho. Sendo gêmeos são 40 minutos, e a Re continuava tendo vontade de fazer xixi a cada contração, então os primeiros 20 minutos já foram bem longos, ai ela foi ao banheiro, voltou e foram mais 20 minutos.

na banheira inflável, com apoio amoroso e uma luz linda!
Estando tudo bem com os bebês podíamos continuar esperando, mas já não era aconselhável voltar para casa. Melhor ficar e ter o controle dos batimentos cardíacos dos dois fetos feitos a intervalos regulares. Então fomos todos de mala e cuia para o quarto onde os bebês poderiam nascer caso tudo continuasse correndo bem. Amanheceu a terça-feira, a Laura me ligou perguntando como estavam as coisas, falei que estava igual no domingo, e não tinham feito exame de toque pq a bolsa estava rota, então o toque seria evitado ao máximo. Achei que era cedo ainda, mas Laura quis ir, perguntou se podia, Renata respondeu que sim. Ainda bem pq eu errei na avaliação! :) Renata é muito, muito muito mais tranquila do que eu podia supor!

Ficamos por ali, Renata super tranquila, andava, ficava de cócoras, sentava-se um pouco na bola, um pouco no sofá, a enfermeira vinha fazer a ausculta, estava tudo muito bem.

ficando de cócoras durante a contração para facilitar a descida dos bebês.
De repente uma mulher entrou no quarto e ficou olhando muito brava pra todo mundo, eu me levantei e perguntei quem era, ela saiu do quarto e eu fui atrás sem entender nada... era a mãe da Renata. Falou um pouco comigo, estava nervosa, com medo pela filha e pelos bebês, o que eu acho totalmente compreensível. Não estamos acostumados a ver partos, imagine parto de gêmeos... Falei que estava tudo bem, os exames estavam bem, a equipe estava acompanhando, Renata estava bem e os bebês estavam bem.

Voltei para o quarto e eles ficaram por ali, o pai e a mãe da Renata. Depois foram esperar na sala de espera, eu os via quando saia do quarto para buscar alguma coisa.

Dai a pouco Laura chegou e ficou responsável por tirar algumas fotos e se possível filmar o parto.

Perto do meio-dia o médico veio ver como estavam as coisas, e a essa altura a Renata já estava na banheira, com as contrações mais próximas, e sentindo alivio com a técnica de cabo de guerra. O médico perguntou se podia avaliar antes de sair para almoçar, para não ter que voltar correndo, e Renata concordou. O primeiro bebê já estava bem baixo, quase nascendo! Ele então pediu pra alguém avisar a família que ele não iria almoç
ar em casa, e a enfermagem começou a arrumar as coisas para a recepção dos bebês.

Nessa hora houve um imprevisto: nem o pediatra de preferência nem o back-up estavam disponíveis, então a pediatra que estava de plantão na UTI neo-natal foi chamada e ficou no quarto, até que a pediatra back-up do segundo back-up conseguisse chegar. Falando assim parece até engraçado, mas isso fez uma diferença muito grande no atendimento dos bebês, infelizmente... As duas pediatras ficaram juntas por alguns minutos e fizeram comentários do tipo: "nossa que radical!" e "nossa, quanta coragem!" mas a coragem dita em tom pejorativo. Felizmente falavam em tom baixo, de modo que só quem estava muito próximo podia ouvir.

O médico super tranquilo, sorridente, segurando a mão de Renata durante a contração. O marido de Renata junto dentro da banheira, ambos abraçados e trazendo seus filhos pra esse mundo. Uma cena linda!

Francisco nasceu molinho, a pediatra quis pegá-lo logo, de modo que ficou uns poucos segundos no colo de Renata. Foi aspirado (pq o líquido estava com um pouquinho bem pouquinho de mecônio), ficaram segurando o cateter de oxigênio próximo ao narizinho e ele começou a corar mas permanecia molinho.

Renata teve mais uma contração, colocou a mão e disse que estava com a impressão de que a primeira placenta já ia sair. O médico pediu licença, examinou e disse: é o segundo, já vai nascer. A pediatra e a enfermagem colocaram o Francisco mais para o lado no berço aquecido, pra abrir espaço para o Gustavo.

Enquanto isso veio mais uma contração e Gustavo nasceu empelicado (com a bolsa íntegra). Rompeu logo após o nascimento, então não deu tempo de fotografar, mas todos que estávamos lá vimos como foi lindo o nascimento dele também! Mas ele também estava muito mólinho e com dificuldade de estabelecer a respiração, foi aspirado, e logo chegou a encubadora onde ficariam em um ambiente com mais oxigênio. Eles gemiam um pouco, o que demonstrava que estavam com essa dificuldade de respirar.

Vânia        Renata   e        Laura. 
A pediatra então explicou que seriam levados para a UTI, para ficar no oxigênio. Falou que as primeiras quatro horas eram de risco, e que se caso eles precisassem ser entubados ela preferia que já estivessem dentro da UTI pra que isso fosse feito rapidamente. E foram levados.

Fiquei por ali, Laura e Renata conversavam sobre a diferença das experiências. Os gêmeos de Laura também foram para a UTI mas no caso delas ele eram prematuros.

Franscisco e Gustavo tiveram essa dificuldade inicial para respirar, e eu achei que eles ficariam algumas horas no oxigênio e viriam para o quarto. Então fiquei por ali, ajudei a limpar o quarto, almocei, e fui lá ver o Sylvio, que estava na porta da UTI aguardando noticias e com as caixas de vitamina K nas mãos. Conversei com ele e falei que provavelmente quando viessem dar noticias já teriam dado a vit K injetável. Ele só segurava a cabeça entre as mãos, parecendo muito angustiado. É horrível a sensação de impotência nessa hora, de saber que os bebês estão ali do outro lado da porta, e não podemos entrar nem fazer nada a não ser esperar, e os minutos parecem horas...

Voltei para o quarto e dali a algum tempo o Sylvio voltou também. Laura já tinha ido embora. A enfermagem veio trocar a Renata de quarto, iam levá-la para um quarto limpinho. Quando ajudaram ela descer da cama e sentar-se na cadeira de rodas ela ficou muito branca, desmaiou  e teve espasmos, como uma convulsão. A enfermagem ficou socorrendo, eu sai pelo corredor à procura da enfermeira, felizmente ela estava perto, voltamos para o quarto, falávamos com a Renata, e alguém jogava água no rosto dela. Ea voltou do desmaio, mas foi ficando branca e desmaiou novamente. Voltamos ela para a cama, a enfermeira pediu pra alguém chamar o médico, mas todas estavam ajudando em alguma coisa, então eu mesma liguei para ele, direto no celular, expliquei e falei que a enfermeira estava pedindo pra ele vir. A impressão que eu tive foi de desligar o celular e ele abrir a porta e entrar no quarto. pois ele já estava vindo enquanto eu ainda estava explicando a situação.

A enfermagem já havia aplicado alguns medicamentos, ele pediu para aumentar as doses, levantar o pés da cama, e pediu para examinar. O útero não havia "encolhido" como era esperado, e por isso estava sangrando muito. Fizeram massagens enquanto aplicavam os medicamentos, e ela foi melhorando. Foi um grande susto, mas passou. Demorou mas passou.

Já era o fim da tarde, Renata e Sylvio muito cansados, resolveram tentar descansar um pouco, afinal tudo o que podia ser feito já havia sido feito, e só restava esperar. Disseram que eu podia ir para casa.

Em casa me deparei com uma situação nova para mim: muita gente comemorando o nascimento dos meninos, e eu tive que dizer que eles estavam na UTI. Fica uma sensação de festa que não deu certo, a música e a dança foram ótimas, mas o bolo não foi servido, não pudemos cantar os parabéns...

Importante salientar: eles não aspiraram mecônio. Dias depois soubemos que o motivo para permanecerem internados que estava escrito no prontuário era "síndrome da membranap hialínica - relativa a prematuridade". ou seja, eu fiquei tranquila pq sendo gravidez de gêmeos e estando de quase 38 semanas eu achei que os bebês tinham iniciado o processo de nascimento, e estariam maduros para respirar. Mas acontece que Renata estava com uma infecção urinária assintomática, sem nenhum desconforto ou ardência, só com a frequência de idas ao banheiro aumentada, o que no final da gestação é esperado... provavelmente foi a infecção que deu início ao TP e os bebês ainda estavam um pouco prematuros. O que leva à seguinte conclusão: se tivesse sido feita uma cesárea eles estariam com os pulmões imaturos também.

Dai pra frente muitas correntes de pensamentos positivos e de apoio foram feitas. Renata quando soube que ficaria mais alguns dias internada para fazer exames, me pediu livros sobre amamentação e sobre maternagem. Com o passar do tempo soubemos que a saúde dela chegou a um nível preocupante, pois a infecção havia atingido os rins e abalado outros órgãos também, ela precisou receber transfusões de sangue e a alimentação era diferenciada. Da mesma forma os bebês ficaram na UTI por vários dias.

Todos os dias recebíamos boas noticias, até que dez ou onze dias depois finalmente tivemos a alegria de saber que estavam em casa. Finalmente! Feliz feliz  feliz!

Quando fui visitá-los estavam lindos os dois e Renata estava tentando estabelecer a amamentação.

Agora já vão fazer um ano, estão lindos e muito saudáveis, fazendo a alegria da família toda, ao lado do primo João, que é como o irmãozão deles. Os três mosqueteiros, lindos!

Renata e Sylvio, muito muito obrigada pela honra de acompanhá-los nessa hora tão linda em que seus filhos chegaram! Nem tudo foi como o esperado, mas nada tira o brilho de ver uma família amorosa receber novos membros.

Francisco e Gustavo sejam muito bem vindos! Que esse início um pouco difícil que vocês tiveram se transforme em força e capacidade de superação, sempre sempre sempre! Que vcs tenham muita saúde, muitas felicidades e muitos anos de vida!

No dia em que voltaram ao GAPN para contar como foi o dia do parto.
Sou muito grata!
Laura, obrigada pelo companheirismo.

E João, parabéns pela alegria! Você é uma luz na vida dessa linda família!

beijos, beijos, beijos,

Vânia Bezerra.