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São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Fui doula por 18 anos. Sigo agora como psicóloga atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos-SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

terça-feira, 28 de junho de 2016

Fabiana e Lula recebendo seus filhos, Raul e Diogo.

Fabiana um dia ligou o rádio e escutou um programa que falava sobre a humanização do parto e os prejuízos que uma cesárea com hora marcada pode ocasionar. Ficou surpresa com o impacto sobre a saúde do bebê e foi o que bastou pra resolver fazer o que pudesse para ter a melhor experiência possível. Me contratou como doula e logo começamos as reuniões de preparação para o parto. Assistimos vídeos, tiramos duvidas, conversamos bastante, e ela fez seu plano de parto.

O quintal dela é lindo, espaçoso, uma varanda boa, e eu imaginando ela andando por ali e tendo contrações até que seria a hora de irmos para a maternidade.

Recebi mensagem pela manhã de que as contrações estavam começando, e no final da tarde ela ligou dizendo que o médico entraria de plantão na maternidade e tinha pedido para ela passar por lá. Bem calmamente foram para lá e o TP já estava evoluindo. Quando cheguei ela tinha acabado de ser submetida a exame de toque pela plantonista do SUS, que pelo que entendi tinha ido até lá sem ser chamada, enfim, não entendi nada da razão pela qual Fabiana teve que ser submetida a exame por outra médica já que o médico dela estaria chegando em poucos minutos.

Enfim, o exame deu que Fabiana estava com mais de 4 cm e a tal médica do SUS assinou a internação pelo convênio. Fomos encaminhados para o quarto maior onde cabe a banheira inflável no banheiro e o Lula trouxe as malas, fui ajudando os dois a criarem um clima favorável.


O tempo foi passando, as contrações realmente mais fortes e mais próximas. Massagens, suquinhos, cócoras para ajudar o bebê descer. 9 cm! Tudo evoluindo bem!

Chuveiro, banheira enchendo, bebê sendo auscultado a intervalos, tudo certo!

Aí o cansaço começou a pegar, e o marido, eu e a enfermeira ali incentivando, ajudando essa mulher a vencer essa barreira.

As horas foram passando e novo toque: os mesmos 9cm.

Vamos em frente, vamos em frente... Fabiana começou a falar muito sério que a dor estava demais, e a cada contração o clima foi ficando mais pesado, e ela pedia cesárea. Ainda enrolamos um tempinho, confiantes de que logo ela sentiria os puxos e Raul nasceria. Mas as auscultas infelizmente continuavam no mesmo lugar, não desciam, não desciam, não desciam...


Então Fabiana tomou a rédea da sua história e falou olhando bem nos olhos da enfermeira: "eu quero que chame o médico, eu não quero mais sentir essa dor, o bebê não está mais baixando".

E assim foi feito, com todo o respeito pelo tempo dela e do bebê. A equipe foi chamada, ela foi para o centro cirúrgico, e eu fui também para fotografar pela janelinha. Fiquei surpresa com as regras, tinha uma auxiliar de enfermagem que ficava olhando pela janelinha pra me dizer quando eu poderia olhar também. Falei que já trabalhei em hospital, que já vi  muita cesárea, mas não arredou pé. Pelo menos não até que a pediatra me cumprimentou e falou que eu poderia ir. :)

Tirei várias fotos e depois fiquei pertinho do bebê por alguns minutos.

Enquanto ela e o bebê ficaram em observação o Lula correu até em casa para tomar um banho e voltar renovado. Quando a enfermagem veio avisar que ela já estava vindo para o quarto eu liguei pra ele e ele já estava entrando na maternidade.

Fiquei por ali até ela ir para o quarto e amamentar. Raul pegou o peito de primeira, e tão perfeitamente que surpreendeu a todos!



Conversamos um pouquinho e Fabiana estava bem cansada. Lula estava apoiando o braço dela para o Raul poder mamar o quanto quisesse.

E foi assim que os deixei, uma família se re-encontrando e se adaptando, tudo com muito amor.

Quando voltei para a visita pós-parto conversamos bastante e chegamos a conclusão de que poderia sim ter sido um parto normal se em nossa cidade tivéssemos acesso a analgesia peridural. Mas ainda temos esse limite seríssimo, infelizmente.



De qualquer forma Raul se beneficiou imensamente do tempo que teve para se adaptar às contrações que levam estimulo e acordam os reflexos que o bebê vai precisar logo depois de nascer.

Fabiana e Lula, sou muito grata por ter participado desse momento tão lindo da chegada do Raul.

Raul seja sempre bem vindo! Que seu tempo continue sendo sempre respeitado como foi desde o seu nascimento, e que essa força que vc mostrou logo depois de nascer te acompanhe sempre!


O tempo passou... e Fabiana voltou a frequentar o GAPN, grávida pela segunda vez, buscando agora novas informações. Em várias dessas reuniões ela comentava sobre coisas que passavam pela sua cabeça quando estava em trabalho de parto, e que não havia contado pra ninguém... como isso talvez tivesse atrapalhado e agora ela estava se sentindo mais preparada.

Ela me contratou novamente e fui à casa dela pra falarmos sobre o plano de parto.


Tudo combinado, chegou o tempo de esperar pelo início do trabalho de parto. Tempo de estar aberta a surpresas. Uma noite ela me ligou, estava com dores ficando mais próximas. Fui pra lá. Playlist de músicas pra parto tocando, comidinhas, sucos, caminhadas, descansadas... as contrações foram espaçando... Lula e Raul dormindo, Fa dormindo, eu dormi. :)

Amanheceu o dia, as contrações haviam parado. Raul indo pra escola, casa entrando na rotina, fui embora. Quando as contrações recomeçarem é só chamar.



Ela passou o dia bem, no começo da noite estava com algumas contrações, foi até a maternidade, fez um cardiotoco, tudo perfeito, exame de toque, colo amolecido e afinando, quase nada de dilatação. Ela me ligou enquanto voltavam para casa, ia tomar um banho e dormir. Depois contou que chegou em casa e falou algo como : "vamos parar com essa coisa de playlist e comidinhas, não tem nada acontecendo!"

Acontece que ainda durante o banho as contrações começaram a ficar mais fortes e a durar mais.

Ali pelas nove ou dez da noite ela me chamou, pq estava doendo um tanto e o Lula não podia ficar com ela pq estava fazendo o Raul dormir. Fui pra lá, e passamos a madrugada entre o sofá da sala e a varanda, estava uma noite linda. Conversas amenas durante um tempo, depois as contrações já levando a uma concentração maior.



Ela pendurou a mangueira de jardim na viga da varanda e se acocorava ali algumas vezes durante as contrações. Outras vezes ficava sentada na beira da cadeira, eu fazia massagem nas costas, quando passava ela se ajeitava, colocava as pernas pra cima e tirava uns cochilos. Eu me deitava no sofá e esperava a próxima contração. Outras vezes saia no quintal e ficava observando o céu. E todas as vezes, na contração, eu me aproximava e ajudava.

Perto das 4 e meia da manhã a bolsa rompeu. E bem pouco tempo depois as contrações ficaram mais fortes e próximas. Ela foi chamar o Lula e avisar que iriamos para a maternidade no meu carro. Colocamos tudo que era preciso levar no carro, ela se trocou, e fomos.

Ele iria colocar o Raul no carro e iriam pra maternidade com calma. A maternidade havia dito que permitiria que ele estivesse presente. Inclusive no youtube tem um vídeo de parto com uma criança mais velha junto no quarto. Por isso ela escolheu essa maternidade.

Chegamos lá, ficamos na recepção, impressão de demora no atendimento, mas é que quando as contrações estão próximas e fortes a gente fica querendo ajeitar tudo rápido pq sempre dá impressão de que pode nascer...

Enfim, a enfermeira chegou e a levou pro quarto onde aconteceria o parto. Dilatação completa, bebê baixo, não demorou quase nada pra enfermeira chamar o obstetra e a pediatra.

Fabiana ajeitada na banqueta, liguei pro Lula pra falar pra ele subir que ia nascer, ele tinha voltado pra casa pra buscar algo que o Raul precisava.

Me sentei na frente dela, segurando as mãos e ajudando respirar... a enfermeira chegou, fui trocar de lugar, ela não queria que eu me mexesse. :) Esperei a contração passar completamente, ela respirou, e troquei.

Ela respirando e fazendo força conforme seu corpo pedia, bebê chegando.

Obstetra chegou, foi trocar de lugar com a enfermeira, Fabiana não queria que a enfermeira se mexesse.:D

Em cada parto a gente aprende mais. E o respeito a tudo que a mãe está sentindo faz parte do nosso trabalho. Bem divagar eles trocaram de lugar.

E poucas contrações depois, Diogo nasceu. Sob o olhar espantando de sua mãe, que dizia:  mas já?!

E o obstetra completou: "diferente da outra vez né"?

Todos felizes, logo o Lula chegou com o Diogo, a pediatra já por ali, montes de sorrisos!

Quando fui embora, Fabiana estava tomando café da manhã e conversando com sua família, completamente encantada.

Desta vez ela conseguiu acessar suas inseguranças, venceu seu medo do relógio, até desligou a musica! E aí o parto veio: forte como precisava ser, mas a seu tempo, e parando durante o dia, pq Diogo gosta da noite! :)

Parabéns de novo Fabiana e Lula! E seja bem vindo Diogo! Muita luz e muita saúde, sempre!

Abraços!

Vânia.



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